sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A eterna sensibilidade masculina

A eterna sensibilidade masculina

(*Os diálogos são verídicos. Preservei os verdadeiros nomes dos meus amigos, para manter a ética e evitar constrangimentos”)…

Mulheres são mesmo seres de outro planeta. Menstruam, engravidam, enjoam, têm os hormônios alterados e o humor oscila com a freqüência de um motel no dia dos namorados. A mulher é sensível, segue sua intuição. O homem não. O homem segue o instinto. Puro animal. Eles não têm cólicas todos os meses, nunca experimentaram a sensação de uma TPM e, em contrapartida, nunca sentirão a sensação do peso da barriga que carrega um filho durante nove longos meses. Homem só enjoa se esquecer de tomar Engov antes de tomar todas! Mas, por que entrei neste assunto? Porque hoje acordei mais irritada que o normal, os hormônios à velocidade de um carro de Fórmula Um.

Na esperança de melhorar, resolvo teclar com alguns amigos plantonistas do MSN. Amigos homens, desses descolados, do bem e que dizem entender completamente o universo feminino. Melhor oportunidade não há. Preciso dividir um pouco essa angústia sem fim e não há melhor confidente que o amigo do sexo masculino.

Encontro o Luís e peço meu primeiro sinal de socorro: - Oi! A resposta já me aumenta a irritação: - Oi Cassia, tudo bem? Cassia? Quem é Cassia? Pros meus amigos sou sempre Tita, Titinha, Cacá, Catita! Tudo bem. Tento abstrair, afinal ele também pode estar num dia ruim.

Na minha doce ingenuidade feminina, escrevo: - Hoje estou tão chata!…(nesse momento eu tive a nítida sensação de que ouviria palavras amenas de força e carinho, para me acalmar ou apenas para me dar uma ilusão de solidariedade). Que nada! E a conversa segue…

Luís: - E é? O que houve?

Eu: - Não sei direito. Uma coisa ruim…e agora?

Ah! As respostas masculinas são sempre tão encorajadoras! Eles são diretos, de uma sutileza tiranossáurica, comovente.

Luís: Bem, não posso lhe ajudar. Não tenho intimidade suficiente com você para lhe dizer qualquer coisa que vá melhorar seu humor.

Nesse momento, paro por alguns segundos, e volto meus olhos para o nome da figura. Sei lá, de repente eu errei a janela e estou falando com alguém que nunca vi! Não, tudo normal. É o Luís mesmo. Aquele que me conhece com, sem roupa, e em todas as posições!

Eu: Como é, menino? Não tem intimidade suficiente?

Enfim…é tanta sensibilidade que resolvo terminar o monólogo ali.

Bobagem! Tenho muitos amigos no MSN e resolvo pedir socorro para outro. Esse mais polido, mas bem mais parecido comigo na ranzinzice.

Eu: Marcos, to tão chata!

E a resposta vem rápida e direta: - Eu também. Ora porra! (rsrsrs)

Sinceramente, não acreditei no que estava lendo. Mas passei por cima desse episódio e continuei dissertando sobre minhas angústias.

Eu: - Pois é, fui dizer ao Luís que estava mau e ele me respondeu que não tinha intimidade suficiente para me ajudar! E terminou nosso monólogo com a seguinte palavra encorajadora: Luís: - Beleza! (o Luís está offline).

Como assim?

Marcos: (silêncio…vácuo). E, de repente leio: - Vamos sair pra tomar uma que passa!

Eu: - Vai trabalhar. Esquece o que conversamos. Vou trabalhar também…!

Como são práticos os homens. Eles não são insensíveis. São apenas mais desatentos que as mulheres. Talvez seja só isso! Mas para nós, eternas dependentes da atenção masculina – e que fazemos questão de avisá-los, diariamente, o quanto são importantes para nós, achamos isso tudo muito estranho. Esse perfil masculino é excludente. Faz a gente se sentir ignorada, nada importante (ou desimportante?). Não, não é nada disso! A raça masculina é assim mesmo. É uma questão de prisma, de ângulo de visão.

O ângulo do olhar…o homem enxerga a ‘presa’, enquanto a mulher enxerga um ‘amor’. E essa diferença angular faz a mulher criar um universo paralelo, platônico. Seu amor vai se transformando num avatar. Nada mais do que isso.

Com o passar do tempo, aquele avatar vai se distanciando do amor e se torna uma morna amizade ou coisa nenhuma. Apenas uma vaga lembrança. Homens são assim. Sensíveis ao seu modo. (Descobri que a maioria deles tem medo de mulheres fortes e independentes. Então passam a brincar de esconde-esconde!). Estranho, não é?

Um homem responderia: “depende do ponto de vista”.

Acho que vou rever meus conceitos. E procurar esse ângulo tão obtuso que os homens escolheram para nos enxergar. (C.M.)


13 Comentários até agora »

Flavia disse em 17/06/2009 às 09:37

Não sei mas queria ler esse mesmo diálogos entre duas amigas (mulheres). Será que seria tão diferente? Tenho a impressão que de fato ninguém que parar para escutar ninguém. Ah! E tem coisa mais fácil do que encerrar uma conversa, seja lá qual for, chamando alguém “pra tomar uma?”…

Socorro Miranda disse em 17/06/2009 às 10:56

Faço minhas as palavras de Flavia! E mais: não será este um estágio compatível com o atual cenário social? Aquela estória de “encosta tua cabecinha no meu ombro e chora”, não cabe no mundo atual. Fatos que provoquem solidariedade estão restritos às grandes catrástofes. A regra é o individualismo e, quando no viver grupal, estar sempre no “faz de conta” = faz de conta que sou feliz, faz de conta que tenho saúde, faz de conta que tenho sucesso… faz de conta… Problema pessoal, chateação? Coma um chocolate ou tome uma caipirinha! É UMA PENA, e isto vale para todos - homens, mulheres, adolescentes, velhos, velhas, etc. É UMA PENA!

Anônimo disse em 17/06/2009 às 11:06

Na verdade criamos espectativas a respeitos dos outros, por mas que sejam amigos, eles não sabem o que realmente estamos sentindo ou precisando naquele momento (atenção) sem deixar de comentar que realmente o mundo masculino é totalmente egoísta, se eles estiverem pensando com a cabeça que está a alguns centimetros abaixo do umbigo, eles acham a solução pra qualquer probleminha e te arrasta pro seus obejetivos(cama), mas se estiverem relex, ah!.. a outra cabeça lógica como sempre manda ele fugir daquela situação.
Eli.

Tita disse em 17/06/2009 às 14:24

Socorro,

A intenção do texto e do “pedido de socorro” não era exatamente isso que vc entendeu. O foco do texto é a falta de sensibilidade dos homens de um modo gera(aí, eximindo o computador, a era digital, ou qualquer outro tipo de tecnologia). O foco era - e continua sendo - a falta de sensibilidade em relação às mulheres. Seja em que situação for. Coincidentemente, este fato ocorreu via msn. Porém o “diálogo” teria sido o mesmo ao vivo!
Ah, aproveitando para também responder à Flavia, não, entre minhas amigas as conversas são totalmente solidárias. Afinal, vivemos no mesmo universo.

Rosa de La Vega disse em 17/06/2009 às 22:14

KKKKKKK….Gostei muito deste texto, ele revela o que sinto de vez em quando…quero conversar, mas não encontro alguém para me dar colinho e me deixar mais feliz!!

Este é o mal do nosso século, não temos tempo para o contato físico e por isso ficamos carentes…a verdade é esta!!

Beijos amiga.

Ramona disse em 17/06/2009 às 23:52

Amiga,
Socorro se pede a quem fala o idioma TPMes,e odeia as pessoas felizes e de bem com a vida neste momento bizarro do mes.
Eu sei do que você fala desses ditos combustiveis de formula 1 que corre nos nossos miolos.
Bom, é nessa hora alguem que te dê corda no mau humor,que te ajude a falar mau de alguem só por falar…aposto que depois de detonar o cabelo de uma colega de trabalho,o botox q não deu certo de uma vizinha,ou a celulite implacável da sua cunhada,se daqui a pouco seus nervos estarão calminhos,calminhos…
Vale por uma dose de floxetina,rsrs.
Num instante vais ouvir os passarinhos cantar!
Homem nunca foi nem nunca será sensivel a isso,pois ele não pode ser sensivel ao desconhecido.
Beijos

Ediselia disse em 18/06/2009 às 08:23

O homem é diferente é tudo isso que devemos nos ligar e achar normal. Nós pensamos diferente e sabe quantos estão preocupados com isso? O que é bom essa diferença, caso contrário estaríamos sempre dependentes e debilitadas. A indiferença dos nossos problemas é que nos faz mais FORTE, entendeu? Essa indiferença é que nos diferencia deles e isso é bom e sadio.Por que tanta importância para alguns minutos de chatisse? Procuremos um bom livro,filme,passeio e nos debilitarmos e achar que somos a sempre vítimas de uma menstruação ou outras coisas naturais que só nós usufruimos e que se chama tudo isso de saúde, pois se não temos nada disso, estamos doentes. VAMOS TENTAR SER MAIS FORTE E SABERMOS SOFRER, pois o sofrimento faz parte da vida de todos Homem da terra (homem e mulher).
Beijão para todas.

Tita disse em 18/06/2009 às 08:30

Edisélia, eu estou pasma com a dificuldade feminina de entender o que eu realmente quis dizer! Nada tinha a ver com a fragilidade feminina. O foco foi sensibilidade masculina em todos os sentidos. Não foi por causa de uma TPM que escrevi o texto acima! Apenas citei essa diferença fisiológica entre os gêneros para exemplificar que somos diferentes. Ser forte ou não, independe de gênero. Porém, sensibilidade, deveria vir no DNA dos dois!
Livro, filme e passeio são coisas que não completam o vazio do qual estava me referindo. (só para constar, leio uma média de quatro livros por mês, assisto bons filmes diariamente em HD e vou para os lugares que quero. não era disso que estava falando. Que pena que vc nao entendeu!)
Bjão!

Anônimo disse em 18/06/2009 às 12:45

Menina, ontem passei por uma situação parecida ao pegar uma carona com um amigo. No final, o que poderia ter sido uma conversa daquelas para lembrar a noite inteira, srsrsrsrrs (lembrei agora do platônico), me deixou a sensação da eterna falta de sensibilidade masculina, sabe aquela coisa da “presa” para o homem? Eu acho que quando se trata de homem, não adianta rotular de amigo, marido, namorado, ficante ou coisa parecida, porque eles agem da mesma forma, diante da sensibilidade feminina, ficam mudos, rsrssrsr…Pois é, comigo ontem foi assim, mas fazer o que, né?

Beijão,

The!!

Roseli disse em 18/06/2009 às 15:27

estou adorando tudo isso!!!!!!
achava que o homem Gaucho fosse mais conservador…ou mesmo do tipo “mais forte”, “mais importante”…mas se tratando de HOMEM, só muda o território, as raízes são as mesmas.
E nós mulheres, seremos sempre rastreadoras, fenômenos até, pois entender a essência masculina é o mesmo que cruzar o país e terminar em nosso território com a mesma impressão de sempre em relação à eles (tudo igual…)

Teca disse em 20/06/2009 às 16:09

Concordo em gênero, número e grau com tudo o que Tita sentiu e escreveu. Já vivi isso mesmo e sei de cor o roteiro desse filme. Pena que as mulheres que se pronunciaram não tenham entendido nada. Sem essa de TPM e fluoxetina ajuda muito no combate à ansiedade e nada mais. Tomara que vc encontre ressonância no universo masculino daqui ou então quem sabe, na India, com um Raji novelístico, Hare baba.

Tita disse em 20/06/2009 às 16:29

Tecaaaa!
Finalmente, alguém entendeu o que eu disse! E tinha que ser vc mesmo!
Que coisa incrível! Pensei estar escrevendo uma coisa óbvia, mas cada um seguiu um caminho de interpretação completamente avesso ao que eu quis expressar. Que incrível a dificuldade feminina…e parabéns, vc realmente leu o que eu escrevi! (Não estou desmerecendo a opinião das outras pessoas, apenas reconhecendo a sensibilidade mais aguçada da Teca). Hare baba!!!!

Vera Rocha disse em 21/06/2009 às 14:56

Olá, Titinha!

Visitei o seu blog detalhadamente. Amiga, está excelente! Você, como eu sempre digo é muito competente em tudo aquilo que faz. Parabéns!!!

Abraço extremado!

Vera Rocha

(Cassia Miranda)

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