2:33 a.m. É claro que todos dormem. Menos eu, Chérie e Marú (nossas chinchilas que possuem hábitos noturnos como todos os roedores).
Madrugada: horas mais lentas e longas. É como se os relógios precisassem exclamar ‘tic-tic-tic, tac-tac-tac’, para que um simples segundo (um mero ‘tic-tac’) fosse capaz de passar.
Tenho achado as madrugadas repetitivas…parece que as rádios combinam a mesma sequência musical (ou é impressão minha?). Deve ser delírio das rotinas dos relógios e seus tic-tacs arrastados.
Tudo é mesmo questão de circunstância na vida da gente. Estivesse você aqui comigo, certamente já dormindo - como todas as pessoas que à noite precisam descansar - pelo menos teria seu cheiro e seu corpo quentinho. E mesmo dormindo, num ato quase automático, me abraçaria e me puxaria para junto. E a gente dormiria ‘conxinha’, até tocar o despertador e você me abraçar com força, dizendo um rouco e preguiçoso “bom dia”, com aquele sorriso sempre largo nos lábios. E eu teria dormido, quase que instantaneamente.
Nada disso terei mais. A não ser a solidão das madrugadas, o barulho do silêncio, a algazarra das chinchilas, o arrastar dos segundos, e seu espaço - agora vazio - nessa cama tão larga. Sinto sua falta. Sinto o peso do silêncio e da escuridão, que só se quebra pela claridade do visor do celular.
É aqui que coloco minhas alegrias, tristezas, ansiedades. É aqui que - no silêncio das madrugadas - tento exorcizar meus demônios e aprender com a minha única e verdadeira companheira: minha consciência.
Tic-tac, tic-tac…em breve nascerá mais um sol e, com o novo dia, os sorrisos de uma felicidade quase enigmática estampada nos rostos alheios. De onde virão os motivos para tantos sorrisos?
Quer saber? Todo mundo finge, ou não conhece a verdade. Deve ser tão bom ser ignorante! (Agora são 3:08 a.m.). (C.M.)