Primeiro preciso explicar que minha mãe está vivendo uma crise de hérnia de disco, quase sem poder andar, e sei que esta situação a está deixando estressada, visto que é uma pessoa que ama o trabalho e é muito atuante no que faz. Porém, por ordens médicas, não deve sequer levantar, andar, muito menos sentar. Tem que ficar deitada e descansar. Hoje, depois de um bom tempo de “falta de tempo” pelas circunstâncias da vida, tive agenda sem pauta e fui passar a tarde com ela.

Então, hoje resolvi escrever sobre uma sensação boa e que todo mundo, em algum momento da vida, sente. O gosto do quarto e – particularmente – da cama da mãe. No meu caso, a sensação é ainda melhor, porque eu sinto o cheiro da infância, do quarto dos meus pais. A maioria das pessoas, mesmo que inconscientemente, quer a sensação do aconchego do útero materno.

Depois que crescemos e viramos o pai/mãe, nada melhor do que chegar à casa da gente. Mas no meu caso, mesmo vinte anos depois, o sentimento de entrar no ninho dos meus pais é o mesmo.

Nada substitui a segurança da cama dos nossos pais. Tem coisa mais gostosa do que a cama deles? Tem não! Nem a nossa é tão boa para nós, quanto é para os nossos filhos. O meu, por exemplo, diz que minha cama tem um ‘sonífero’! Não, Lucas. O que tem na minha cama é amor de mãe. Um amor incomensurável que transmite aconchego, que nos faz sentir aportar no píer de um porto seguro.

Não interessa se a casa é grande, chique, se seus pais têm muito ou pouco dinheiro, nem se o quarto é grande ou pequeno. O que importa é que o quarto dos nossos pais é nosso útero imaginário. É como se nunca nada de mal pudesse nos acontecer. É nosso santuário blindado, nosso bunker, onde nenhuma guerra é capaz de nos alcançar.

Na cama dos nossos pais esquecemos os problemas de casa, do trabalho, dos amores e da vida. E nessa mesma cama, a gente chora os problemas de casa, do trabalho, dos amores e da vida. Porque tudo pode no ninho dos nossos pássaros imortais.

Perigo é uma palavra desconhecida na cama deles. Segurança, força, poder, tranqüilidade e paz de espírito são sinônimos de quarto e de cama de pai e mãe. Lembro de quando era pequena e sentia medo no meio da noite. Corria sorrateira, acordava minha mãe e dizia: - mãe, to com medo! E ela, docemente como sempre por toda a vida, se encostava mais perto do meu pai para abrir espaço e me aninhar no quentinho do seu corpo. Pronto! Nada de mal iria me acontecer. Eu estava completamente segura.

É bom saber que hoje posso passar essa mesma sensação boa para meu filho e que, um dia, a cama dele será o melhor ninho do mundo para o seu filhote. E no final, todos nós somos um pouco pássaros imortais.

Mãe, hoje foi muito bom ficar no seu ninho. Quero que você fique boa logo para vir experimentar um pouquinho do meu!