domingo, 30 de maio de 2010

Serão os jornalistas subprofissionais?

Não vamos entrar no mérito da necessidade ou não do diploma. Essa é outra discussão. Importantíssima, por sinal. Mas o que me traz aqui hoje é a seguinte pergunta: com que olhos empresas, empresários, profissionais liberais, enfim, leigos em Assessoria de Comunicação nos enxergam? O que será que eles vêem? Como a versão ‘new age’ de São Francisco de Assis? Como pessoas que cursaram universidades, se especializaram em divulgar informações e cuidar da imagem das empresas e das pessoas com competência, só por hobby? Como pessoas que não precisam pagar contas e se sustentar e também suas famílias?
O assessor de comunicação ou as Assessorias, elas têm custos, pagam impostos, pagam seus telefones convencionais e celulares, pagam estagiários, jornalistas, terceirizados, e trabalham como médicos plantonistas: 24h no ar. Nós não desligamos celulares, passamos o dia em função dos nossos clientes para mostrar um trabalho bem feito e acima de tudo, com comprometimento.
Muitas vezes recebemos propostas indecentes! Assessorar empresas, pessoas físicas, políticos, profissionais de qualquer setor, por um valor que não se pode sequer chamar de “simbólico”, ou ouvimos aquela velha frase “estamos sem condições de contratar agora, mas num futuro próximo, talvez.”, mas querem o nosso serviço pra agora! Ou pior, pedem orçamentos para coberturas de eventos gigantescos, para trabalho de nível nacional, e em seguida, pedem para baixarmos o valor pela metade ou até mais que isso!”
Será que essas pessoas tão informadas, tão estudadas, tão-tão-tão... acham que jornalistas são subempregados, voluntários natos ou ricos excêntricos, que na falta do que fazer, resolveram ir trabalhar? O que será que se passa nessas cabecinhas tão espertas? Ou ignorantes? (no sentido de ignorar o que é uma Assessoria de Comunicação).
Então, queridos, sentimos informar-lhes que nosso trabalho é árduo, tanto quanto o seu. Nós passamos por universidades, temos diploma, somos sindicalizados, temos família, pagamos conta, viajamos e queremos o melhor pra nós. Assim, como vocês.
Às vezes, quando recebemos essas ofertas absurdas, temos vontade de inverter os papéis. Será que sua empresa, ou você, pessoa física, que quer ter reconhecido seu trabalho nas mídias existentes (e são muitas hoje em dia), fariam para nós, jornalistas, seus trabalhos “for free”. Apesar de já sabermos a resposta, queríamos que ela saísse das suas bocas. Pra que vocês se sentissem como a maioria de nós se sente. Como se tivéssemos estudado, nos especializado, por mera falta do quê fazer!
Jornalismo não é voluntariado. E nós ou a grande maioria, certamente fazemos nosso voluntariado e damos a sociedade nossa parcela como cidadãos. Jornalistas e suas famílias comem, pagam contas e têm famílias. Um pouquinho de respeito é bom e todos nós gostamos. Inclusive, vocês! Ou não? (por Cassia Miranda e por todos os jornalistas que recebem propostas indecentes. E somos muitos!) *Este texto surgiu de uma conversa entre alguns jornalistas que conheço...e são muitos!

4 Comentários:

Marlos Magalhães Porto disse...

Cássia,
Gostei do seu artigo. Realmente, há muita desinformação sobre o trabalho de um(a) assessor(a) de imprensa. Eu mesmo me incluía entre os que ignoravam completamente a profissão, há alguns anos atrás, e, ainda hoje, não tenho muita noção de quanto seria uma justa remuneração para um profissional dessa área, até porque não sei se é possível quantificar um valor x por hora ou por dia, já que vai depender muito das tarefas requeridas ou do evento. Pode ser que o trabalho, por vezes, seja bem fácil, e outras algo bem complicado, e p/ o leigo acho que não é fácil identificar essas nuances.
Em todo caso, é preciso que os clientes valorizem sobretudo o trabalho daqueles que fazem assessoria com ética e com transparência - algo que é fundamental também no mundo empresarial e na política.

Blog da Tita disse...

Marlos, que bom que você concorda conosco! O valor de uma assessoria depende sempre do objetivo que o cliente quer alcançar, das mídias que quer utilizar, entre outros fatores que resultam num orçamento, que será analisado e autorizado pelo cliente, ou não. Por isso, não temos um valor pré-estabelecido para tal. O problema são as contra-propostas, na maioria das vezes, vergonhosas!(Fora os pedidos de "um favorzinho"!) Obrigada pelo apoio.
Agradecemos!

Unknown disse...

Tita, você conseguiu escrever exatamente como acontece com nós, assessores. Temos contas, famílias, impostos (principalmente) precisamos manter a empresa de portas abertas e com todas as certidões em dia.
Nosso trabalho tem valor, precisa ser respeitado. As contrapropostas são muitas vezes absurdas.

Gabriella Guerra disse...

Adoreiiiiiiii....