Festas. No Brasil são muitas. Muitas mesmo. Além das que não contam no calendário, existem as oficiais: Carnaval, Páscoa, Dia das Mães, São João, Dia das Crianças, dos Pais, da Avó, Natal, Réveillon... ufa! (desculpem-me se esqueci alguma delas, pois são tantas, que meu arquivo já não comporta). Enfim, as festas geralmente são para reunir a família e fazer – em um dia – o que não se fez em uma vida: interagir com felicidade plena. Na verdade estou falando de mim, que sou ranzinza de nascença. Porém quando escrevemos sobre nós mesmos, sempre corremos o risco de ser o espelho de algum leitor desprevenido ou ranzinza desavisado.
O que quero dizer é que essa eterna festa me cansa muito. Não tenho humor para isso. Acho que perdi o ritmo. Nem tanto assunto para partilhar sem que – mesmo sem propósito – ocorra uma ácida ironia. Aí se faz o silêncio de um segundo, profundo segundo, que faz de mim a pessoa mais deplorável da reunião familiar.
Aliás, ainda não entendi o motivo de ser tão convidada. Eu não me convidaria. Não consigo ser agradável nesses festejos. Sinto-me fora do contexto. Observo cada palavra trocada ou não dita. E quer saber? É melhor não me perguntar...porque eu vou responder!
Já houve tempo em que essas festinhas me eram mais prazerosas. Mas sempre senti uma tensão iminente no ar. Fazer o quê, se meus olhos enxergam o lado A das pessoas, enquanto elas se esforçam para demonstrar sempre o lado B (o da falsa felicidade, da hipocrisia, da eterna alegria).
Às vezes me pergunto: será que só eu sou chata? Será que é verdade que TODAS as pessoas ao meu redor são felizes? Será que NINGUÉM além de mim traz tristezas profundas no coração? Será que o único fundo do poço abissal é o meu? Será que só eu não sei fingir?
Sabe de uma coisa? Resolvi não entrar nesse mérito. Ia ter que falar sozinha, por isso eu escrevo! Mas vou ter que dar um jeito nesse meu ângulo de visão da vida para poder conviver com as festinhas. Na verdade, existem muitos caminhos: ou param de me convidar (eu juro que não vou ficar sentida), ou faço parte da festa no modo “corpo presente”, ou vou como expectadora (rezando pra ninguém me perguntar nada), ou melhor, na próxima festa vou amordaçada! (Cassia Miranda)
2020 um Novo Desafio!
Há 5 anos
4 Comentários:
Querida Titinha, Você sabe o quanto eu te adoro, mas amanhã estou indo novamente trabalhar em Brasília. Vou passar uns trinta dias por lá, tenho que seguir na minha luta a saudade é muito grande e se Deus quiser um dia vamos ter tempo para se encontrar e conversar pessoalmente. Bjs. Vera
Tita, senti a profundidade do seu texto, me levou ao melhor silêncio, acredite! bjos
Impossível não me ver no teu texto, meus motivos podem ser bem diferentes dos teus, mas,igualmente (acredito) detesto festas de família.
No meu caso, uma família que quase não se encontra, passam anos falando mal uns dos outros e só promovem encontros para contarem vantagem de superficialidades inúteis: quem casou, quem engravidou, os motivos para não casarem, os pais que não sabem educar os filhos, a fulana que está gorda, quem faz a melhor e mais cara festa de 15 anos, quem é falsa e mentirosa, quem briga mais, quem ganha mais e quem não ganha...Em que mundo fui nascer, onde o ter e o parecer são mais importantes que o ser... Abraços.
É,minha linda. Nossos focos são diferentes, mas em toda família que se ama, se tem esse tipo de sensação.
Mas tudo que vc enumerou no seu comentário, acontece sim, sempre, em todas as famílias. Às vezes até nós mesmos somos um desses!
Que bom que você tem lido o blog. Tem umas coisinhas legais!
BJS, da Tia (nem combina!)
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