Fiquem calmas, mulheres e lobas do Brasil! O título é meio estranho, mas logo todas vocês entenderão.
Ser mulher é ótimo, mas não é brincadeira. Mulher menstrua, sente cólicas horríveis, tem TPM (quantos relacionamentos não findaram por causa dessas três letrinhas infames?), fica grávida, engorda mais do que deveria e com isso, ganha estrias. Celulite, nem se conta, porque faz parte da verdadeira mulher, como se viesse no DNA. Ou vem? Ainda tem os enjôos, as azias, e finalmente, o bebê. Lindo, fofo! Ele é o bônus. Já o ônus...mais celulites, peito arriado, noites inteiras acordadas, cólicas, fome, insônia (bebê também tem insônia, só que ele acorda a mãe, o papai fica dormindo), entre tantas outras alegrias da maternidade.
Quando passa essa etapa da vida da gente, tudo é bom! É o relacionamento que virou família, é ver o filho crescendo, a primeira palavra, a primeira aula, o primeiro dente, a primeira risada, o primeiro tombo, os primeiros pontos (toda criança cai e vai bater numa emergência de hospital), é o idílio! Os filhos vão crescendo e a mãe acompanha as lições de casa, ensina a lavar as mãos, escovar os dentes, a dizer, ”por favor”, “obrigada”, “me desculpe”, e tudo é lindo. A vida é linda, ser mãe é o máximo. “Só a mulher tem a soberania sobre a gravidez”, eu já ouvi isso de uma mulher. Detalhe: ela disse super orgulhosa de ser obrigada a carregar uma barriga que lá pros sete meses, a gente fica sem saber se dorme ou fica acordada, por falta de posição na cama. Viramos tartarugas. Mas as tartarugas mais felizes do uninverso! Vamos ter um filho!
Quando a mulher tem seus filhos ainda novinha, ótimo. (Se não é o seu caso, você é uma mãe-avó, mas tudo bem.) Porque ela sempre vai receber um elogio tipo “namorado novo” ou vai ouvir a célebre frase: “nossa! Parecem irmãos!” (ouço muito isso. Aliás, já ouvi os dois). Aí é a nossa redenção! Quem não quer ser a mãe gata do amigo do colégio?
Nessa fase ainda temos gás para malhar, deixar o filho no colégio, ir trabalhar, voltar pra pegar o filho na aula de jiu-jítsu, karatê, judô, balé, natação, inglês, patinação, jogos escolares, e ainda chegamos em casa com tudo em cima, inclusive a vontade de tomar aquela ducha pra esperar o maridão! Opa! Nem sempre há um maridão esperando por nós...
Tendências naturais dos seres humanos, demonstram que o “felizes para sempre” e o “até que a morte vos separe”, dito pelo padre, pastor, juiz de paz, rabino, etc., é pura obrigação. Eles falam porque está o script! Mas eles têm certeza de que é mentira. E como na vida tudo é efêmero, os casamentos também acabam. E os filhos, geralmente, ficam com as mães. Até aí, beleza.
Nessas alturas, a mãe já está na faixa dos 35 anos e animadíssima à espera da Idade da Loba! Toda mulher quer chegar aos 40, porque toda bibliografia moderna voltada para esse assunto demonstra que mulheres, depois dos 40, são mais felizes, encontram sua alma gêmea, obtêm sucesso no trabalho, enriquecem, enfim, os 40 anos é um marco. A pedra fundamental para a construção do futuro feminino. Seguro e pleno!
Enquanto isso, o filho já está na faculdade e é motivo para mais orgulho. Ele se forma, você já se divorciou, está livre, e finalmente, chega aos 40! Quando lhe perguntam a idade, você responde altiva: eu tenho 40! Nessa época a loba se solta, os cordeiros aparecem, e tudo é uma festa.
No ano seguinte, você já não tem mais vontade de dizer sua idade. Pra quê? Um dado deste teor é totalmente desinteressante. O que importa é a aparência, se ela é antenada, o que conta é a juventude do espírito (pouca gente acredita em Espiritismo, mas utiliza-se muito desse recurso), a independência, a cabeça boa, a bagagem profissional, a superioridade intelectual, o papo interessante, etc. Ah! Nessas alturas, celulites e estrias são ‘parte da história de uma vida’ (essa é dos homens), e nada disso é relevante.
Quando a mulher é inteligente e faz check up todos os anos, ela começa a descobrir novas companheiras com as quais ela jamais pensou conviver: menopausa precoce, hipotireoidismo, hipertireoidismo, osteopenia, pressão alta, alergias das mais variadas, dores que nunca havia conhecido, e a lista é enorme. Nem me peça pra listar! Mas não podemos deixar de citar a depressão, a síndrome do pânico e a necessidade de uma boa terapeuta.
E aí, nos anos seguintes você, que é uma mulher interessante, continuará sendo objeto de desejo de alguns homens ou mulheres. Mas, na hora do ‘se conhecer’, sempre vem aquela perguntinha desagradável e inoportuna: “Desculpa perguntar, mas qual a sua idade?” (se já começou pedindo desculpas, não deveria sequer terminar!). E independente da sua idade, da sua condição, da sua vida, da quantidade do seu QI, você vai responder com a maior segurança do mundo: “Eu tenho 40, e você?” (Cassia Miranda)
2020 um Novo Desafio!
Há 5 anos